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segunda-feira, 28 de julho de 2008

Arte Cinética



A internet e o movimento Dadaísta têm tudo a ver: "a emoção indisciplinada enriquece a consciência"

Por Thereza Pires
fonte: www.mixbrasil.com.br

Estamos em Zurique e é 1916. Daqui, emerge um sopro de irreverência e moderrnidade. Em uma Europa ainda imersa nas misérias da primeira guerra mundial, o poeta romeno Tristan Tzara (foto) - perplexo com a violência, o absurdo das vidas perdidas e outras barbaridades causadas pelo conflito - decide reacender a esperança através da arte. E propõe uma atitude radicalmente diferente. Ele e outros companheiros que freqüentam o Cabaré Voltaire - pintores, escultores, músicos, escritores, cantores - trocam idéias e criam um movimento transgressor das regras vigentes que, convenhamos, não estavam mais dando lá muito certo. Nada de velharias, dessa vez, Uma nova expressão, escolhida ao acaso nomeia o movimento que atinge a Europa em cheio e vai, em futuro próximo, cruzar o Atlântico e encantar o fotógrafo Man Ray - O Dadaísmo.

Tudo indica que foi mesmo Tristan Tzara que cunhou o termo "dada" ao folhear um dicionário Larousse à procura de palavra sonora que pudesse ser dita em qualquer idioma. Dada - que sacudiu a cena artística entre 1916 e 1924 - em romeno, significa Sim, Sim e em francês, cavalo de pau.

Evoluiu para o Surrealismo, liderado por André Breton (1896-1966), poeta e crítico literário que marcou a "Diáspora" com o Manifesto Surrealista de 1924. O surrealismo, considerado manifestação popular da arte produzida por homossexuais, teve em Breton uma voz crítica demais, talvez para tentar pontuar sua masculinidade. Os dois movimentos - dada e surrealismo - escolheram temas de natureza fluída, mas densa,e realmente dificultam as interpretações de homoerotismo ou homossociabilidade.

"Arte sem amarras, liberdade total do pensamento"
Tristan Tzara foi a pedra angular do dadaísmo. Nasceu como Samuel Rosenstock (1896-1963), na Romênia, de família burguesa e privilegiada. O pai fazia prospecção de petróleo. Começou a vida literária aos 16 anos. A partir de 1913, o jovem artista muda o pseudônimo para Tristan Tzara: Tristan, da opera de Wagner e Tzara significa "terra" em romeno. Outra explicação para o pseudônimo é, em tradução livre, "Triste Terra", forma de protestar contra o tratamento dado aos judeus na Romênia. Em 1915, Tristan Tzara viaja para Zurique ao encontro de seu amigo íntimo Marcel Janco e para estudar filosofia. Mas logo se aborrece com as elocubrações e a preguiça estudantil se instala. Numa noitada, conhece Hugo Ball e, juntos, imaginam a criação do Cabaré Voltaire, um "centro de divertimentos artísticos". O sucesso é imediato com declamação de poesias, danças e música africana. O Cabaré é um palco para a renovação da arte: o panorama tradicional é descartado em benefício das transgressões artísticas. Vai nascendo o Dadaísmo e Tzara já aparece como a eminência parda do movimento.

É o triunfo da abstração. O alegre grupo procura "a alquimia mais íntima da palavra e mais além para preservar o domínio mais sagrado da poesia". O alemão Rudolph Huelsenbeck, que conhecera o dadaísmo ainda no nascedouro, declarou que Tzara era "um bárbaro do mais alto nível mental e um gênio sem escrúpulos". Mas seu empreendedorismo se revelou na programação do Cabaré Voltaire, na criação da revista do mesmo nome e na publicação do Manifesto.

Dada se manifesta "O luxo não é um prazer, mas o prazer é um luxo":
Estamos em Berlim e é 1918. É chegada a hora de oficializar o movimento que cresce mais do que as noitadas do Cabaré Voltaire poderiam entender. O grupo original está completo: pintura, colagem, fotografia e poesia e, daqui por diante, misturam-se as artes para dar originalidade ao projeto. Poemas se transformam em colagem de palavras, as palavras se fazem sonoras pela pesquisa da musicalidade e a musicalidade atravessa os sentidos. Nos poemas, a alegria do grupo deseja "reencontrar a alquimia mais íntima da palavra e superá-la para preservar a poesia em seu domínio mais sagrado". Julho de 1918 é a data oficial do Manifesto, um texto marcado pela irreverência contida no dadaísmo, verdadeiro "grito de vida, de harmonia e ilusão da juventude". Eis um pequeno extrato:

"Fé absoluta indiscutível em cada deus produto imediato da espontaneidade DADA salta elegante e sem perdas de uma harmonia a outra esfera(…) Liberdade: DADA DADA DADA gritos de dor crispante, entrelaçamento dos contrários, dos grotescos, dos inconseqüentes: A VIDA (…)

O
Manifesto conduz DADA à internacionalização. Picabia se junta ao grupo em Zurique e André Breton os acolhe em Paris.

Diaspora Dadaísta: "Nossa cabeça é redonda para permitir ao pensamento mudar de direção"
Em 1920, Dada se torna um produto de exportação. As obras de Marcel Duchamp (autor do famoso urinol ou Fonte, de 1917. nesse exato momento sendo exibido no MAM-SP), da Gioconda L.HO.O.Q e da Roda de Bicicleta "desestabilizam o establishment", com seus ready mades :simplesmente objetos do dia a dia que se tornam obras de arte. A justificativa de Duchamp é que um objeto comum escolhido pelo artista, tendo sido repensado, passa a ter sua função artística. Os Estados Unidos se juntam ao DADA nas pessoas de Man Ray (fotógrafo e cineasta) e Picabia, que pinta Rros Sélavy (Eros, c'est la vie) o alter-ego feminino de Duchamp. Em Paris, Eluard, Breton, Aragon e muitos outros se deixam seduzir por DADA, ainda que com a ajuda do absinto e do ópio para que a escrita se transforme em transe. A França, indignada, se levanta, protesta e condena: Maurice Barrès, (da extrema direita na época) se junta a Charles Maurras, ambos membros da Action Française. O réu é o dadaísmo, acusado de "atentado à segurança do espírito". Compreensível, levando-se em conta as cabeças da idade da pedra.

Abaixo, dois "agravantes" que poderiam se juntar ao processo:

1- Na Feira/ Missa Internacional Dada de 1920 os dadaístas berlinenses estão com total domínio nas colagens, fotomontagens e instalação e exibem nos cartazes ilustrados por um sub-oficial alemão-prussiano com cara de porco as frases: "DADA está ao lado do proletário revolucionário", "Abaixo a moral burguesa", "DADA é política", "Diletantes, revoltem-se contra a arte, abaixo a arte!".

- Na Rússia Maïakovski e Khlebnikov desejam criar novo vocabulário, o Zaoum "poesia transmental, com a linguagem liberada e sem entraves".

Todos os textos referentes ao dadaísmo estão conservados na Bibliothèque Jacques Doucet (amigo de Duchamp e Picabia) na Place du Panthéon 8/10 75005, Paris. Os princípios anárquicos do Dadaismo foram se ajustando e geraram novo surrealismo em 1924, mas o fim do movimento como atividade grupal aconteceu por volta de 1921. As correntes artísticas contemporâneas se adaptam perfeitamente ao espírito DADA.
O espírito DADA se adapta perfeitamente ao fascinante mundo da internet.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

The Garden.

A vida é um jardim de surpresas, todas elas nos acrescentam algo que de boa
ou má experiência, nos ensinam a viver de forma que tomemos conta de nossa
vida vendo que ela é um presente de Deus e que só nós somos dono dela.

Seja lá com quem nos envolvamos amorosamente ou de outra forma, nenhuma
destas pessoas são mais importantes que nós mesmos e devemos seguir nosso
coração para que no presente e no futuro e quando estes dois tornarem-se
passado, possamos olhar para nós mesmos e com orgulho dizer fiz o que fiz e
não me arrependo.

Sejamos donos de nossas próprias vidas e sempre se soerguendo mostrando pra
nós mesmos que o melho estaá por vir e o que no passado pode, falsamente,
ter nos enfraquecido torne-se aprendizado e fonte de crescimento, porque

Deus é bom e novas e melhores situações virão.

A vida é uma constante e perfeita evolução!!!!!!!!!

Não me deixes!

Debruçada nas águas dum regato
A flor dizia em vão
À corrente, onde bela se mirava:
"Ai, não me deixes, não!

"Comigo fica ou leva-me contigo
"Dos mares à amplidão;
"Límpido ou turvo, te amarei constante;
"Mas não me deixes, não!"

E a corrente passava; novas águas
Após as outras vão;
E a flor sempre a dizer curva na fonte:
"Ai, não me deixes, não!"

E das águas que fogem incessantes
À eterna sucessão
Dizia sempre a flor, e sempre embalde:
"Ai, não me deixes, não!"


Por fim desfalecida e a cor murchada,
Quase a lamber o chão,
Buscava inda a corrente por dizer-lhe
Que a não deixasse, não.

A corrente impiedosa a flor enleia,
Leva-a do seu torrão;
A afundar-se dizia a pobrezinha:
"Não me deixaste, não!"




*Gonçalves Dias.

Biografia de Gonçalves Dias.

Wikipedia link:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Gon%C3%A7alves_dias

terça-feira, 22 de julho de 2008

A função da Arte.

"A Arte tem assim uma função que poderiamos chamar de conhecimento, de "aprendizagem". Seu dominio é o do não-racional, do indivizivel, da sensibilidade: domínio sem fronteiras nitidas, muito diferente do mundo da ciência, da logica, da teoria. Domínio fecundo, pois nosso contato com a arte nos transforma. Porque o objeto artistico traz em si, habilmente organizados, os meios de despertar em nós, em nossas emoções e razão, reações culturalmente ricas, que aguçam os instrumentos dos quais nos servimos para apreender o mundo que nos rodeia."

Jorge Coli, O que é Arte. Ed. Brasiliense.

Pensamentos.

" Um quadro deve ser produzido como um mundo."

Charles Baudelaire.

A razão.

"Diferentemente do filósofo,
o artista não nos dá suas razões;
Ele se contenta em admirar e revelar."

Èmile Male.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Biografia de Jean Renoir.

Jean Renoir com Gabrielle Renard (pintura de Pierre-Auguste Renoir)

Jean Renoir com Gabrielle Renard (pintura de Pierre-Auguste Renoir)

Jean Renoir (15 de setembro de 1894, Paris12 de fevereiro de 1979, Beverly Hills, Califórnia) foi um cineasta, escritor, argumentista, encenador e ator francês.

Foi o segundo filho do pintor impressionnista Pierre-Auguste Renoir e de Aline Victorine Charigot. Criado entre as artes, Renoir cresceu envolvido pela sensibilidade artística em um apartamento cujas paredes eram abarrotadas de quadros do seu pai

Incompreendidos e subestimados no seu tempo, os seus filmes são hoje considerados entre as obra máximas da arte cinematográfica (cf. a opinião de Orson Welles, entre outros). Realizou nove filmes mudos e 27 falados. Suas maiores obras foram "A Grande Ilusão" de 1937, um sensível relato sobre as condições de vida dos prisioneiros franceses e seus captores alemães durante a I Guerra Mundial e "A Regra do Jogo" de 1939.

Marcou profundamente também o cinema francês entre 1930 e 1950, tendo aberto a porta à Nouvelle Vague. O diretor François Truffaut é aquele que mais explicitamente reconhece a dívida para com Renoir.

Em 1975, Jean Renoir recebeu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, um Oscar especial que lhe foi entregue em reconhecimento ao conjunto de sua obra. Em 1976 foi condecorado pelo Ministério da Cultura da França.

Filmografia

Prémios e nomeações

  • Ganhou um Óscar Honorário em 1975, em homenagem à sua carreira.
  • Recebeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Realizador, por "L'Homme du Sud" (1945).
  • Ganhou o Prémio Bodil de Melhor Filme Europeu, por "La Règle du jeu" (1939).
  • Ganhou o prémio de Melhor Contribuição Artística, no Festival de Veneza, por "La Grande Illusion" (1937).
  • Ganhou o Prémio Internacional, no Festival de Veneza, por "Le Fleuve" (1951).

origem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_renoir


A efemeridade da arte - de toda arte

"Cheguei mesmo a me perguntar se toda obra humana não é provisória - mesmo um quadro, mesmo uma estatua, mesmo uma obra arquitetural, mesmo o Partenon. Seja qual for a solidez do Partenon, o que resta dele é muito pouco e não temos nenhuma idéia do que era quando acabara de ser construido. Mesmo o que resta vai desaparecer. Talvez se consiga, à custa de tanto colocar cimento nas colunas, mantê-lo por cem anos, duzentos anos, digamos quinhentos anos, digamos mil anos. Mas, enfim, chegará um dia em que o Partenos não existira mais. Pergunto-me se não seria mais honesto abordar a obra de arte sabendo que ela é provisória e irá desaparecer, e que, na verdade, relativizando, não há diferença entre uma obra arquitetural feita em marmore maciço e um artigo de jornal, impresso em papel e jogado fora no dia seguinte."

( Jean Renoir, entrevista dada ao Cahiers du Cinéma, nº 8, nov. 1958.)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Pensamentos

" A vida não é quantas vezes respiramos e sim quantas vezes perdemos o folego."

"Você pode brilhar não importa do que seja feito."

"Se Deus existisse, o que ele pensa sobre?
- É só mais um pixel na rede."

"Quem é o gênio e o idiota no meio literário?
- Gênio é aquele que escreve mais do que fala."

"Nós não somos a mesma pessoa sempre, inclusive para seu bem"

Clarah Averbuck



http://adioslounge.blogspot.com/

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Clara Averbuck Gomes (Porto Alegre, 26 de maio de 1979) é uma escritora brasileira. O H do nome surgiu quando cursava o primeiro ano do segundo grau, por uma brincadeira entre colegas.
Clarah Averbuck, como ficou conhecida, sempre odiou a escola. Parou de estudar no segundo grau, tentou o supletivo mais tarde, desistindo em seguida. Retomou o supletivo apenas porque quis entrar na faculdade. Tentou estudar Letras e Jornalismo na PUC-RS, mas não passou de um semestre em ambos os cursos.
Começou sua trajetória literária publicando os seus textos na Internet. Em junho de 1998 escreveu pela primeira vez para a Não-til, a revista digital da Casa de Cinema de Porto Alegre. Um ano depois, se tornou uma das colunistas do CardosOnline, que durou até 2001 e revelou escritores como Daniel Galera e Daniel Pellizzari.
Em julho de 2001 mudou-se para São Paulo, onde começou a escrever sua primeira novela, Máquina de pinball, publicada no ano seguinte. Em setembro de 2001 criou o blog "brazileira!preta", que chegou a ter mais de 1800 acessos diários.
A partir de então, publicou mais dois livros: Das coisas esquecidas atrás da estante, em 2003, e Vida de gato, em 2004.
A obra da escritora pode ser considerada literatura de consumo com influência da subcultura pop, em ícones como John Fante, Charles Bukowski, Paulo Leminski, Pedro Juan Gutiérrez, Hunter S. Thompson, João Antônio, Lucía Etxebarria, H.L. Mencken, Fiona Apple, Nina Simone, Rolling Stones, Tom Waits e Strokes. Faz sentido ter tanta música envolvida; Clarah é filha do músico Hique Gomez da dupla Tangos & Tragédias e também canta. Teve várias bandas, entre elas Jazzie & Os Vendidos, com a qual chegou a fazer turnê por diversos estados do Brasil.
A popularidade de seus escritos chamou a atenção de diretores importantes do teatro e do cinema. Máquina de Pinball ganhou adaptação para o teatro, roteirizado por Antônio Abujamra e Alan Castelo, em 2003. Este e seus outros dois livros também inspiraram o diretor cinematográfico Murilo Salles que, com a ajuda da roteirista Elena Soárez e da própria Clarah Averbuck, produziu o filme Nome Próprio, em 2006, com Leandra Leal no papel principal.
Atualmente tem quatro livros em andamento: Toureando o Diabo (romance), Eu Quero Ser Eu (novela infanto-juvenil), Cidade Grande no Escuro (crônicas) e "Nossa Senhora da Pequena Morte" (que antes se chamava "Delírio de Ruína", e era parceria com a estilista Rita Wainer) em parceria com Eva Uviedo. Em maio de 2006, voltou a manter um blog, desta vez chamado Adiós Lounge.
Obras
• Vida de Gato, Editora Planeta, 2004;
• Das Coisas Esquecidas Atrás da Estante, editora 7Letras, 2003;
• Máquina de Pinball, Editora Conrad, 2002.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Anne Rice fala Sobre Shakespeare.


Treço do Livro Pandora onde Anne Rice através de sua personagem Pandora, comenta sobre Shakespeare.

"- Lembro-me uma vez a muito tempo, Armand me contou que perguntou a Lestat: " como algum dia entenderei a raça humana?" Lestat disse: " Leia ou veja todas apeças de Shakespeare e você ficará sabendo de tudo o que precisa saber sobre a raça humana." Armand fez isso. Devorava os poemas, assistia a todas as peças, aos novos filmes fantasticos com Laurence Fishburne e Kenneth Branagh e Lonardo DiCaprio. E da ultima vez que eu e Armand conversamos, eis o que ele disse sobre educação: " Lestat tinha razão.Ele não me deu livros, mas um passaporte para o entendimento. Esse Shakespeare diz - e estou citando Armand e Shakespeare conforme Armand recitou, como recitarei para você-, como se as palavras viessem do meu coração:

Trás amanhã e trás amanhã de novo. Vai, a pequenos passos, dia a dia. Até a ultima silaba do tempo. Inscrito. E todos esses nossos ontens. Têm alumiado aos tontos que nos somos. Nosso caminho para o pó da morte Breve candeia, apaga-te! Que a vida, É uma sombra ambulante: um pobre ator Que gesticula em cena uma hora ou duas, Depois não se ouve mais: um conto cheio De bulha e fúria, dito por um louco Significando nada *

*Shakespeare, William. Macbeth, ato V, cena V. traduçaõ de Manuel Bandeir, RJ, Ed. Livraria josé olimpio, 1986.

Filmes vistos

O Pestinha
Shrek 1 e 2.
Rainhas.
Orgulho e preconceito.
A panhador de sonhos.
Jogo de risco.
Eating out 2.
Boy coulture.
Alpha dog
Hannibal
Sangue e chocolate.
Um beijo Roubado
The L world
Sex in the city.
A Feiticeira.
Homem de Ferro.
Estamira.
O Foco.
Piaf
Medo da verdade.
Terror em amityville.
Ghost
A lagoa Azul 1 e 2
Renaissance
Memorias da Carne.
O jardineiro Fiel.
O guia do mochileiro das galaxias.
Soceidade dos poetas mortos.
Mar adentro.
O pagador de promessas.
JFK.

Sexualidade e eugenia



Psicanalista desacredita recente pesquisa que aponta a homossexualidade como determinação genética

Por Paulo Roberto Ceccarelli ( www.mixbrasil.com.br)


Eles se beijam porque os genes pediram ou porque curtem um ao outro e pronto?!

A matéria publicada recentemente na Folha, inspirada na revista SLATE, traz um estudo científico sobre a bases neurobiológicas da "preferência sexual". Trata-se da descoberta do gene responsável pela homossexualidade masculina. Na verdade, o que teria sido descoberto é o gene da androfilia (atração por homens), uma astúcia da evolução indispensável para a preservação da espécie: graças a ele a mulher se sente atraída pelo homem, o que aumentaria a reprodução.

Importante ressaltar que a existência do gene da androfilia foi inferida a partir de complexos cálculos de estatística e de probabilidade. Ele não foi localizado em alguma parte do genoma humano: a melhor análise dos dado só foi alcançada considerando-se a probabilidade de sua presença.


Apoiados na seleção antagônica que preconiza que um gene pode ser reprodutivamente prejudicial para um sexo, mas benéfico para o outro, o estudo conclui que nas mulheres o gene estimularia a reprodução, e nos homens ele seria prejudicial, pois a comprometeria. O estudo não é válido para mulheres homossexuais. No caso delas, não haveria fatores genéticos, nem questões ambientais. Nada a dizer sobre elas. A conclusão é uma pérola de misoginia: "O gene da homossexualidade masculina é transmitido por promover altos índices de procriação nas mães, irmãs e tias de homens gays". Parece que a situação só se torna problemática quando o gene se manifesta lá onde não deveria: nos homens. A inexistência do gene da ginofilia (atração por mulheres) sugere que a atração do homem pela mulher é natural e dispensa explicações. Já em relação à homossexualidade masculina, o estudo acirra o preconceito. Se o gene é uma estratégia para tornarem as mulheres mais reprodutoras, os gays masculinos passam a ser um "efeito colateral" da evolução. O passo seguinte será medicar a homossexualidade como se medicam algumas doenças genéticas. Grandes perspectivas para a indústria farmacológica!

Dizer que o gene da androfilia aumenta a fertilidade feminina conduzem a conclusões implícitas preocupantes: se o gene só atua na mulher como uma estratégia da evolução, o objetivo primeiro da sexualidade, sobretudo a feminina, é a reprodução. Inquietante constatar a utilização do discurso científico para sustentar posições discriminativas seculares a respeito da mulher e de sua sexualidade. Há muito a psicanálise nos mostrou que no ser humano a sexualidade não está primeiramente destinada à reprodução. Nenhuma outra espécie criou tantos expedientes destinados a evitar a procriação e circunscrever a sexualidade a seu aspecto prazeroso. Se fôssemos geneticamente determinados deveríamos nos sentir atraídos pelo sexo oposto apenas no período de fertilidade da mulher, independentemente de seu sex-appel. Ora, por que nos sentimos atraídos por algumas pessoas e não por outras? Por que uma intensa atração sexual termina tão misteriosamente como começou? O que, no outro, nos atrai ou nos repulsa?

Segundo o biólogo François Jacob, nos organismos complexos o programa genético não traz instruções detalhadas para que eles possam responder às contingências. Somos programados para não sermos geneticamente determinados. Existem genes cuja função é desconectar uma determinação genética. A plasticidade neuronal sugere que o cérebro humano modifica-se constantemente ao receber as incidências da linguagem e das contingências que o afetam: o modo que fomos educados, a maneira como fomos vistos e falados, o lugar que ocupamos no desejo de quem nos deu vida psíquica, os valores sociais do masculino e do feminino... Ainda que os genes participem na constituição neurobiológica do indivíduo, não há como saber em que medida eles podem ser influenciados, ou silenciados, por fatores ambientais.


O curioso com este tipo de estudo é a obstinação em provar a existência de um gene responsável pela homossexualidade, como se a heterossexualidade não exigisse explicação. Por que, na sociedade ocidental, a sexualidade é objeto de tanta inquietude? Por que, em outras sociedades, esta questão nem chega a ser formulada?

Só nos cabe reagir com humor, e aguardar pesquisas mais proveitosas para o tecido social. Por exemplo, sobre as bases neurobiológicas da corrupção, da mentira socialmente instituída, das relações de poder, das diferentes formas de segregação e preconceito para, uma vez detectado os genes responsáveis por tais desvios, tratá-los. Tais pesquisas nos conduziriam a conhecer mais sobre nós mesmo do que estamos preparados.